por Miguel do Rosário, em O Cafezinho, sugestão de Francisco Niterói
No livro de Gore Vidal sobre Abraham Lincoln, o presidente pede a seu secretário de estado que invente pretextos para prender os editores de jornais de Nova York e Washington que lhe faziam oposição. O país estava em guerra civil, e se entendia a batalha na opinião pública como estratégica para a vitória do norte industrial sobre o sul escravista.
E agora ficamos sabendo, através do filme de Spielberg sobre a mesma figura, que Lincoln autorizou um grupo de lobbistas a usarem “todos os meios” para convencer deputados da oposição a votarem em favor da lei da abolição. Há um trecho do filme em que o seu secretário pergunta-lhe, com espanto algo fingido, se o presidente pretendia “comprar” deputados. O presidente responde, também meio que cinicamente, que não se tratava de comprar, mas de oferecer oportunidades. Empregos, cargos, verbas, Lincoln usou todo seu imenso poder para mudar a opinião de alguns deputados do então escravagista Partido Democrata e ganhar a votação mais importante e mais simbólica da história dos Estados Unidos.