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terça-feira, 28 de abril de 2015

Desenhando, para até o pessoal do complexo de vira-latas poder entender


 Autor: Fernando Brito
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A ilustração que retirei do Facebook da comunidade Planeta Fascinanteé daquelas que quase dispensam legenda.
Ainda assim, é só olhar quem são os países que somam território, população e riqueza econômica.
Os cinco que ocupam a área de intersecção dos três conjuntos.
Deveria ser o que bastasse para entender que o Brasil é um país com destino próprio, não o de ser um satélite.
Como para ver onde estão nossas sinergias.
Repare, não disse ideologias.
Disse oportunidades.
Embora assim tão obvio, a elite brasileira não consegue enxergar.
Tem na cabeça que o Brasil deveria ser uma sub-Miami.
A burrice é uma coisa muito difícil de combater, porque prescinde de argumentos e sustenta verdades que ouviu de alguém e as repete.
Quem sabe assim, desenhando?

Santayanna: Petrobras pagou o preço da Price

Autor: Fernando Brito
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Um dia, quando a história passar a limpo o passado recente, muita coisa será revelada, como o foi há 60 anos quando o “mar de lama” em que todos criam estar metido Getúlio Vargas se dissolver em algumas poucas trampolinagens de alguns parentes e aderentes a um homem honrado, austero e com muitos defeitos, sim, mas não o de corrupto, o Brasil vai se escandalizar com o que se faz com nossa maior empresa, muito, muito além do que lhe fizeram alguns ratos lá aninhados.
Um destes escândalos será, certamente, o processo de chantagem ao qual, com a cobertura da mídia, a empresa acabou tendo de ceder para “virar a página” de um momento de pressões que esteve ao ponto de inviabiliza-la.
Hoje, em seu blog, Mauro Santayanna, num longo artigo, mostra como é sem pé nem cabeça o “cálculo” de perdas de R$ 6,2 bilhões que a corrupção teria causado à empresa.
O texto tem argumentos cristalinos e, embora as pessoas de ódio graúdo e pensamento miúdo possam querer desqualifica-lo como “negativa” dos prejuízos – o que Santayanna jamais faz – , mostra que tratou-se apenas de um “limpa-cara” de uma empresa cuja credibilidade, por fatos e mais fatos, não lhe dá condições de apresentar-se como animal de guarda da honradez.
Recomendando a leitura integral, aqui, peço licença ao mestre Santayanna para resumir:
“O balanço da Petrobras, ao menos quanto à corrupção, foi um factoide. Um factoide de 2 bilhões de dólares que representa o ponto culminante de uma série de factoides produzidos por um jogo de pressões voltado para encontrar, doa a quem doer, chifre em cabeça de cavalo.
Houve corrupção na Petrobras? Com certeza, houve.
Houve necessariamente superfaturamento e prejuízo com a corrupção na Petrobras?
Isso é preciso provar, onde, quando e como.
E o pior de tudo, é que a maior empresa brasileira apresentou esses resultados baseada, e pressionada, por uma questionável “auditoria”, realizada por uma, também, discutível, companhia estrangeira.”(…)
“Que autoridade e credibilidade moral e profissional tem a PricewaterhouseCoopers para fazer isso?
Se a Petrobras, não tivesse, premida pela necessidade de responder de qualquer maneira à situação criada com as acusações de corrupção na empresa, sido obrigada a contratar empresas estrangeiras, devido à absurda internacionalização da companhia, iniciada no governo FHC, nos anos 90, e, no caso específico da corrupção, tivesse investigado a história da PwC, que contratou por milhões de dólares para realizar essa auditoria pífia – que não conseguiria provar as conclusões que apresenta – teria percebido que a PwC é uma das principais empresas responsáveis pelo escândalo dos Luxemburgo Leaks, um esquema bilionário de evasão de impostos por multinacionais norte-americanas, que causou, durante anos, um rombo de centenas de bilhões de dólares para o fisco dos EUA, que está sendo investigado desde o ano passado; que ela é a companhia que está por trás do escândalo envolvendo a Seguradora AIG em 2005; que está relacionada com o escândalo de fraude contábil do grupo japonês Kanebo, ligado à área de cosméticos, que levou funcionários da então ChuoAoyama, parceira da PwC no Japão, à prisão; com o escândalo da liquidação da Tyco International, Ltd, no qual a PricewaterhouseCoopers teve de pagar mais de 200 milhões de dólares de indenização por ter facilitado ou permitido o desvio de 600 milhões de dólares pelo Presidente Executivo e o Diretor Financeiro da empresa; com o escândalo da fraude de 1.5 bilhão de dólares da Satyam, uma empresa indiana de Tecnologia da Informação, listada na NASDAQ; que ela foi também acionada por negligência profissional no caso dos também indianos Global Trust Bank Ltd e DSK Software; e também no caso envolvendo acusações de evasão fiscal do grupo petrolífero russo Yukos; por ter, em trabalho de auditoria, feito exatamente o contrário do que está fazendo no caso da Petrobras, tendo ficado também sob suspeita, na Rússia, de ter acobertado um desvio de 4 bilhões de dólares na construção de um oleoduto da Transneft; que foi acusada por não alertar para o risco de quebra de empresas que auditava e assessorava, como a inglesa Northern Rock, que teve depois de ser resgatada pelo governo inglês na crise financeira de 2008; e no caso da JP Morgan Securities, em que foi multada pelo governo britânico; que está ligada ao escândalo da tentativa de privatização do sistema de águas de Nova Délhi, que levou à retirada de financiamento da operação pelo Banco Mundial; e que também foi processada por negligência em trabalhos de auditoria na Irlanda, país em que está sendo acionada em um bilhão de dólares.
Enfim, a PricewaterhouseCoopers é tão séria – o que com certeza coloca em dúvida a credibilidade de certos aspectos do balanço da Petrobras – que, para se ter ideia de sua competência, o Public Company Accounting Oversight Board dos Estados Unidos encontrou, em pesquisa realizada em 2012, deficiências e problemas significativos em 21 de 52 trabalhos de auditoria realizados pela PwC para companhias norte-americanas naquele ano.
É este verdadeiro primor de ética, imparcialidade e preparo profissional, que quer nos fazer crer – sem apresentar um documento comprobatório – que de cada 100,00 reais gastos com contratações de 27 empresas de engenharia e infraestrutura pela Petrobras, 3,00 tenham sido automaticamente desviados, durante vários anos, como se uma empresa com aproximadamente 90.000 funcionários funcionasse como uma espécie de linha de montagem, para o carimbo automático, de uma comissão de 3%, em milhares de notas a pagar, relativas a quase 200 bilhões de reais em compras de produtos e serviços.”(…)
(…)”com a aceitação da tese de que houve desvio automático desse mesmo e único percentual em milhares de diferentes contratos sem comprovar, de fato, absolutamente nada, sem determinar quem roubou, em qual negócio, em que comissão, em que contrato, em qual montante, a Petrobras e a PricewaterhouseCoopers levaram os jornais, a publicar, e a opinião pública a acreditar, que realmente houve um roubo de 6 bilhões de reais na Petrobras, que gerou um prejuízo desse montante para a empresa e para o país.
Isso é particularmente grave porque, para as empresas, a diferença entre a existência ou não de sobrepreço, significa ter ou não que pagar bilhões de reais em ressarcimento, no momento em que muitas estão praticamente quebrando e que tiveram vários negócios interrompidos, devido às consequências institucionais da operação que está em andamento.
Para se dizer que houve um crime, é preciso provar que tipo de crime se cometeu, a ação que foi desenvolvida, quem estava envolvido e as exatas consequências (prejuízo) que ele acarretou.
Até agora, no Caso Lava a Jato – que inicialmente era cantado e decantado como envolvendo quase 90 bilhões de reais – não se chegou a mais do que algumas centenas de milhões de dólares de dinheiro efetivamente localizado.
O que não quer dizer que tudo não tenha de ser apurado e punido, até o último centavo.”(…)
(…)até que se mude de planeta, ou se destruam todos os pergaminhos, alfarrábios e referências e tratados de Direito, sepultando a presunção de inocência e o império da prova e da Lei no mesmo caixão desta República, toda investigação tem de ser feita, e os crimes provados, individualmente.
Com acuidade, esforço e compenetração e sem deixar margem de dúvida.
Todos os crimes, e não apenas alguns.
Hoje, os “intocáveis” do Paraná apresentaram nova denúncia de lavagem de dinheiro, como a que julgou semana passada o Dr. Sérgio Moro. As duas, admitindo-se que sejam verdadeiros e exatos os valores de lavagem de dinheiro nelas contidos, somam R$ 21 milhões de reais.
Para que se atinjam os R$ 6,194 bilhões baixados do balanço da empresa em seu balanço, serão necessárias, nesta média, outras 295 ações.
E, no caso, probabilíssimo de nem perto disso chegar-se, afora o que se deu como perda de patrimônio por desvalorização de ativos mensuradas por critérios voláteis como valor do dólares e dos preços de mercado de petróleo, a diferença, esta sim, terá sido ardilosamente subtraída do partimônio da companhia.
Por uma figura contábil esdrúxula, que Santayana compara àquela famosa “teoria do fato”, que, na versão brasileira, dispensaria provas para condenar-se.
No caso do suposto “prejuízo” da Petrobras, a “teoria do domínio do boato”.

http://tijolaco.com.br/blog/?p=26510

Após balanço, deputados discutem futuro com presidente da Petrobras

http://www.vermelho.org.br/noticia/262958-1

Octavio Costa: Lula aguenta a malhação

http://tijolaco.com.br/blog/?p=26513

O estado policial não é uma paranoia. Ele ameaça arrombar as portas da democracia

http://tijolaco.com.br/blog/?p=26497

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Lucro de Refinaria de Pasadena deixa TCU em posição desconfortável: o negócio é um sucesso!

Publicado em Coluna da Hilde por Hildegard Angel.

Com a divulgação, pela Petrobras, de seu relatório especial sobre a Refinaria de Pasadena, a população brasileira, que vinha sendo contaminada com informações agourentas sobre o negócio realizado, é informada de que o lucro líquido da estatal com ela neste 1º semestre de 2014 foi de US$ 73 milhões, isto é, R$ 160 milhões.

Isso quer dizer que Pasadena pode pagar em menos de dois anos os R$ 700 milhões de prejuízo calculados pelo relator José Jorge, do TCU, e com sobra!

Com isso, o relator José Jorge, que no governo Fernando Henrique ocupou o ministério da Energia, fica em posição desconfortável, já que até agora ninguém havia se lembrado de lhe cobrar o prejuízo, à sua época, de US$ 1,5 bilhão pelo afundamento da plataforma P-36, pois afinal desastres acontecem e há que se ter compreensão para tais fatos.

Abaixo, para o conhecimento de vocês, o post publicado no blog da Petrobras.
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Visão noturna da Refinaria de Pasadena (2007)

Pasadena é um complexo de refino e comercialização, localizado no Texas, às margens de importante via navegável, fazendo parte de um centro refinador de 2 milhões de barris por dia e exportador de derivados para o mercado norte americano. A refinaria está em plena atividade, tem capacidade de refino de 100 mil barris por dia e, no momento, opera de forma rentável com petróleo leve disponível nos Estados Unidos a partir do crescimento da produção local de óleo não convencional (tight oil).
À época da aquisição dos 50% iniciais, em 2006, o negócio foi considerado potencialmente bom e atendia aos pressupostos do Plano Estratégico da Petrobras, contemplando os investimentos a serem feitos para que a Refinaria passasse a processar petróleo pesado da Petrobras, mediante a implementação de projeto de ‘’Revamp” na refinaria.
Mas, com a crise econômica nos EUA a partir de 2008 e consequente queda na demanda de derivados, as margens de refino caíram significativamente. Além disso, o preço do petróleo que tinha também se reduzido a partir de agosto de 2008 e em 2009, voltou a se elevar de 2010 em diante, não deixando margens para operar a refinaria de forma lucrativa. Nesse quadro, as condições financeiras e econômicas dos negócios no segmento do refino tornaram-se críticas em todo o mundo no pós-crise de 2008. Assim, por conta de uma crise econômica mundial, um negócio potencialmente bom transformou-se em um empreendimento com baixo retorno, o que levou inclusive ao reconhecimento contábil de perdas de US$ 530 milhões, as quais podem ser revertidas no futuro.
Em 2007, houve desentendimentos entre os sócios a respeito do projeto de “Revamp”, ou seja, sobre os investimentos a serem feitos para que a Refinaria passasse a processar petróleo pesado da Petrobras.
Outros dois fatores impactaram profundamente o negócio. A descoberta de vastas reservas de petróleo no pré-sal em 2007 e o acentuado crescimento da demanda de derivados no mercado brasileiro, recomendaram a prioridade de investimentos no segmento de exploração e produção de óleo e na expansão do refino no Brasil. Dessa forma os investimentos previstos para adaptar a refinaria de Pasadena para processar óleos pesados brasileiros (mais barato) perderam a prioridade, não só por causa da falta de rentabilidade decorrente da crise mundial como também pela melhor oportunidade para processar esses óleos no Brasil.
Entenda a cronologia do empreendimento:
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1999 – 2004: Expansão do refino no exterior
Desde 1999, a Petrobras tinha o objetivo de expandir o refino no exterior. Crescia o potencial de produção de petróleo no Brasil, mas o mercado de derivados estava estagnado e não havia capacidade de refino para o volume de óleo pesado descoberto. O óleo pesado é mais denso e exige refinarias mais complexas, para que dê origem a produtos mais leves e valorizados. Ele era exportado, por exemplo, para os EUA com elevado deságio por ser pesado. A aquisição de refinarias e sua adaptação para processar o óleo Marlim (pesado) no exterior permitiriam, portanto, agregar valor ao óleo pesado, entregando derivados valorizados localmente. Esse posicionamento foi formulado em 1999 (Visão 2010) e confirmado em 2004 (Visão 2015) no Plano Estratégico da empresa.
2004: Astra compra Pasadena da empresa Crown
Em 2004, a empresa Astra assinou contratos com a empresa Crown para aquisição de Pasadena. Conforme apuramos, o valor desembolsado pela Astra, antes da venda para a Petrobras, foi estimado em US$ 360 milhões (equivocadamente circula informação que o custo para Astra teria sido somente US$ 42,5 milhões).


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2005 – 2006: Astra oferece parceria em Pasadena à Petrobras
Após mapeamento que apontava efetiva oportunidade de operação no Golfo do México e oferta da Astra propondo parceria, iniciamos a avaliação da Refinaria de Pasadena:
• Era um complexo localizado em um importante “hub” (centro) de movimentação de petróleo e derivados, em um mercado que crescia;
• Apresentava preço atrativo, já que Pasadena era uma refinaria de óleo leve. Por não ser ainda adaptada para processamento de óleo pesado, custava bem mais barato do que outras refinarias já adaptadas;
• Tinha o diferencial de contar com licenças e espaço físico (terreno) necessários para ser transformada em uma refinaria maior e capaz de processar óleo pesado Marlim, para o que Petrobras e o sócio investiriam na remodelação da unidade (“Revamp”);
• Contava com acesso a um grande parque de armazenamento de petróleo e derivados e com contratos de comercialização e de acesso à infraestrutura para escoamento de derivados;
• Dominava, ainda, conhecimentos para operar no mercado norte-americano, por meio da companhia de “trading”, uma empresa de comercialização de petróleo e derivados;
• Astra não era especialista em refino e vira na associação com a Petrobras uma oportunidade para juntas crescerem no mercado.
A Petrobras analisara várias outras oportunidades, e chegou a fazer ofertas em outras refinarias americanas, sem sucesso. Em Pasadena, as negociações tiveram êxito.
A parceria da Petrobras com a Astra unia competências em refino com competências na comercialização local, incluindo uma carteira de clientes para toda a produção da Refinaria de Pasadena. Contava, ainda, com escoamento garantido para os derivados e acesso a poliduto de exportação e porto para receber o petróleo nacional. Dispunha de área e licenças para ampliar a refinaria para processar petróleo pesado da Petrobras (o óleo Marlim), de forma que se mostrava atrativa para ambos os sócios.
2006: Petrobras compra 50% de Pasadena
Após estudos e avaliações, a Diretoria da Petrobras, seu Conselho de Administração e analistas de mercado à época avaliaram como potencialmente boa a compra de 50% de Pasadena, sendo:
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Os valores pagos em 2006 correspondem a 8.580 dólares por barril por dia (bpd) de capacidade, enquanto a média para compra de refinarias no mercado norte-americano naquele período era de 9.400 de dólares por bpd de capacidade.
Cláusulas contratuais que se destacaram nos noticiários recentes sobre o negócio:
“Marlim” – o contrato previa uma rentabilidade mínima de 6,9% para a refinaria (50% Astra 50% Petrobras) se no processamento do petróleo Marlim essa rentabilidade não fosse atingida. Essa condição se devia ao fato de que a Petrobras tinha o direito de impor o processamento do seu petróleo para 70% da capacidade da refinaria, apesar de deter somente 50% de participação na sociedade. Essa cláusula não foi acionada, pois a refinaria jamais processou o óleo Marlim, por não ter sido adaptada para tal (o “Revamp” não foi implementado);
“Put Option” – trata-se de cláusula frequentemente utilizada na formação de parcerias entre empresas. Cabe destacar que as condições para o seu exercício e a fórmula do preço de saída (“put price”) variam caso a caso e são, portanto, características de cada negócio. O contrato previa, com essa cláusula, a obrigação de compra, pela Petrobras, da outra metade da Astra no negócio, sob condições previamente fixadas. Esta cláusula foi prevista como contrapartida à Astra para o direito da Petrobras impor suas decisões no negócio.
2007 – 2011: Desentendimentos com a Astra
A partir de 2007, começaram os desentendimentos com a Astra, que não concordava em fazer investimentos que a Petrobras propôs para que a “Revamp” elevasse a capacidade de 100 mil para 200 mil barris por dia, além de não querer investir em segurança, meio ambiente e saúde no padrão Petrobras. No final desse ano, foi firmada uma carta de intenções, que não gerava obrigação, para a compra dos outros 50%, porém o Conselho de Administração da Petrobras, no início de 2008, não aprovou essa compra. Na mesma época, fora descoberto o petróleo do pré-sal ao mesmo tempo em que a demanda de derivados no Brasil crescia. Nos EUA, como efeito da crise mundial a demanda caiu derrubando as margens de refino no mundo. Assim, não fazia mais sentido investir em “Revamp” (investimentos que seriam feitos para que a Refinaria passasse a processar petróleo pesado da Petrobras) e na ampliação de Pasadena (aumento da capacidade de 100 para 200 mil barris de petróleo por dia).
A Astra se afastou da gestão da refinaria, deixando de cumprir suas obrigações como acionista, o que motivou a decisão de entrarmos com um processo arbitral em 2008. Nesse momento, a Astra exerceu sua opção de venda.
Ainda em 2008, a Petrobras assumiu o controle da refinaria. Em 2009, um laudo arbitral foi emitido, confirmando o direito da Astra de exercer a “put option” e, principalmente, o valor a ser pago pela Petrobras à Astra pelos 50% restantes. A Petrobras decidiu cumprir o laudo, desde que a Astra encerrasse as ações judiciais em curso.
Diante da recusa da Astra, a Petrobras não efetuou o pagamento determinado pelos árbitros e prosseguiu na discussão judicial. Em 2010 e 2011 houve recursos de ambas as partes, Astra e Petrobras América Inc., à justiça americana.
O não cumprimento da decisão arbitral não causou prejuízos à Petrobras. Ao contrário, houve ganho financeiro, uma vez que os juros de 5% ao ano estipulados pelo laudo eram inferiores ao custo que a Petrobras incorreu quando obteve empréstimos em 2009 (auge da crise econômica mundial).
2012: Acordo final entre as partes
Em 2012, tomando por base o laudo arbitral confirmado judicialmente, houve uma negociação final entre as partes e a Petrobras pagou pelos 50% restantes US$ 820 milhões.
Esta negociação encerrou todas as ações judiciais existentes entre as empresas do Sistema Petrobras e as empresas do grupo da Astra. As ações da Astra contra a Petrobras totalizavam, em 2009, US$ 397,5 milhões além do valor estipulado pelo laudo arbitral.
O valor deste acordo está detalhado no quadro abaixo:
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Desta forma, o total desembolsado pela Petrobras para a aquisição de 100% do negócio Pasadena foi de US$ 1,249 bilhão.
2014: Bom desempenho da refinaria
O crescimento da produção de óleo não convencional (tight oil) nos Estados Unidos trouxe competitividade às refinarias para óleo leve do Golfo do México. A refinaria de Pasadena vem processando este “tight oil” e assim obteve lucro líquido de cerca de US$ 73 milhões* no primeiro semestre de 2014.
Além disso, a refinaria ganhou também em 2014 prêmios em reconhecimento a excelência dos seus resultados em segurança.
2006 – 2013: Investimentos
De 2006 a 2013, foram aplicados 685 milhões de dólares em manutenção da refinaria, o que corresponde a aproximadamente 86 milhões de dólares por ano. Nossas aplicações nas refinarias no exterior são aportes permanentes, alinhados àqueles feitos em refinarias de igual porte no Brasil, garantindo a previsibilidade do desempenho das refinarias e os bons resultados operacionais e comerciais. Qualquer refinaria no mundo requer que se faça manutenção constante e se implementem melhorias para sua boa operação. Exemplos de investimentos feitos para manter refinarias da Petrobras:
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Sobre análises dos órgãos públicos de controle, temos atendido as suas solicitações desde dezembro de 2012, fornecendo informações e documentos sobre o processo de compra da Refinaria de Pasadena, e confirmamos a defesa relacionada a essa aquisição, apresentada ao Tribunal de Contas da União em janeiro de 2014.
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 * Valor originalmente publicado de “superior a US$ 90 milhões” foi revisto pela PAI (Petrobras America Inc).

domingo, 19 de abril de 2015

Rodrigo Vianna: Uma CPI para descobrir se outros papagaios de Alckmin levam mensalão de R$ 70 mi

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O governador e Fernando Gouveia, o blogueiro limpo: 70 mil limpinhos por mês 
Blogueiro anti-PT recebe pagamentos do governo do PSDB em São Paulo, diz Folha
O sujeito usa, nas redes sociais, o codinome de “Gravataí Merengue”. O sujeito é um daqueles ex-esquerdistas que passaram pro outro lado – de mala e cuia. Trabalhou com Marta e Soninha, mas hoje ajuda a distribuir conteúdo anti-petista na internet.
Até aí, nenhum problema, isso faz parte do jogo político. Se não fosse um detalhe: a empresa de Gravataí recebe por “serviços de comunicação prestados” ao governo do PSDB em São Paulo. Trata-se, segundo reportagem da “Folha” (que o UOL esconde, na versão digital), de uma triangulação: a subsecretaria de Comunicação de Alckmin (chefiada pelo ex-repórter da Veja Márcio Aith) contrata a agência Propeg, que por sua vez manda a grana para Gravataí.
E não é dinheiro de pinga, não! São 70 mil reais por mês!
Gravataí é dono do site Implicante que, segundo a Folha:
publica e ajuda a difundir notícias, artigos, vídeos e memes contra o PT e a presidente Dilma Rousseff. O Implicante tem quase meio milhão de seguidores no Facebook, quatro vezes mais que o Movimento Brasil Livre, um dos grupos na linha de frente dos protestos de rua realizados contra Dilma neste ano. O material produzido pelo site costuma ser replicado nas redes sociais e por outros blogs políticos.
A pergunta óbvia: quantos outros sites na internet são beneficiários de triangulação semelhante no esquema tucano?
Lembremos que o PSDB vive acusando os chamados “blogs sujos” de receberem dinheiro do governo federal. Curiosamente, surge agora a suspeita de que são os tucanos que ajudam a difundir notícias contra o PT usando – supostamente – recursos do contribuinte paulista.
É assim que se pretende combater a corrupção no Brasil?
Por último, vale ressaltar: não é a primeira vez que blogueiros de direita são acusados de receber ajuda monetária por intermédio do PSDB…
Anos atrás, Reinaldo Azevedo, que escreve para a revista da marginal, parece ter-se incomodado com os boatos de que teria recebido dinheiro de uma empreiteira, segundo investigações da Polícia Federal na Operação Castelo de Areia.
Tão “indignado” ficou o blogueiro que ele mesmo publicou a planilha da empreiteira, em que o nome “Reinaldo Azevedo” aparece ao lado do valor “50.000,00″ e da anotação “Andrea Matarazzo” (uma referência ao conhecido operador financeiro do PSDB, que hoje é vereador em São Paulo).
Azevedo chegou até a ensaiar uma explicação para o fato, publicada em seu blog:
Em 2004, quando assumi a direção da revista Primeira Leitura, falei com muita gente, percorri muitas empresas, tentei tornar o veículo viável economicamente — que é o que fazem todas as pessoas na posição que eu ocupava. É possível que tenha sido Matarazzo  a pessoa que me recomendou a alguma empresa do grupo Camargo Correa — não estou certo; se me lembrasse, diria porque não há nada de estranho, incomum ou ilegal nisso.
De fato, não há nada “incomum” no fato de o blogueiro da Veja, quando ainda dirigia a revista Primeira Leitura (fundada pelo ex-ministro de FHC Mendonça de Barros, era uma publicação que eu gostava de acompanhar, porque naquela fase os tucanos ainda não haviam assumido a posição apoplética, tentavam fazer um debate racional), ter procurado ajuda de Matarazzo e dos empreiteiros.
Isso apenas escancara quais são os parceiros de Reinaldo Azevedo. Escancara também que, se o Brasil quisesse de fato combater a corrupção, não investigaria só as relações de petistas com as empreiteiras. Iria a fundo na teia de interesses que faz uma secretaria de Comunicação de Alckmin bancar um produtor de conteúdo anti-petista (supostamente, trata-se de dinheiro público usado no combate politico – pode isso?), ou que leva um operador tucano (Andrea Matarazzo) a buscar um empreiteiro para ajudar Reinaldo Azevedo.
Os dois casos mostram, ainda, um fato triste para o blogueiro que escreve na revista da marginal: na hierarquia da comunicação tucana, um Gravataí (R$ 70 mil por mês, diz a Folha) vale muito mais do que um Azevedo (R$ 50 mil, segundo a planilha da empreiteira).
Tanto Azevedo quanto Gravataí negam que tenham recebido dinheiro para falar mal do PT e bem do PSDB.
A oposição em São Paulo conseguirá instalar uma CPI para investigar a atuação da secretaria de Comunicação de Alckmin?
Leia também:

Trensalão: Justiça e MP paulistas inventaram a corrupção sem corrupto

Por Eduardo Guimarães

trensalão

O Tribunal de Justiça de São Paulo aceitou denúncia do Ministério Público e iniciou ação contra 11 empresas acusadas de promover cartel para obtenção de contratos com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). A estatal também se tornou ré. Esse processo específico diz respeito ao período entre 2002 e 2007, mas as denúncias abrangem os governos Mário Covas e José Serra e envolvem, também, o metrô paulista.
O sistema de trens urbanos e suburbanos de São Paulo é considerado um dos mais ineficientes e superlotados do mundo.  Ano retrasado, a BBC Brasil divulgou uma reportagem que mostra que, no ritmo atual de expansão do metrô paulistano, levaria 172 anos para a cidade ter um sistema como o de Londres, por exemplo.
O cálculo foi feito pela BBC Brasil com base nos dados de extensão atual dos sistemas e dos anos de existência de cada um. O sistema da capital paulista, inaugurado em 1974, tem hoje 74,3 quilômetros de extensão – numa média de expansão de 1,91 quilômetro por ano. O metrô de Londres, em operação desde janeiro de 1863, tem 405 quilômetros e uma expansão média de 2,68 quilômetros por ano.
Parece até que o ritmo de expansão do metrô londrino e o do metrô paulistano não estão muito distantes, mas deve-se levar em conta que a velocidade de construção de novas linhas na capital inglesa permanece mais alta que a nossa apesar de aquela cidade já estar servida de uma rede de trens urbanos e suburbanos mais do que suficiente. Apesar disso, o metrô, por lá, continua crescendo rapidamente.
A razão pela qual a rede do metrô paulistano e de trens suburbanos da CPTM não avançam reside na ação que o TJ-SP iniciou: corrupção.
Para simplificar, empreiteiras e fabricantes de trens contratados para expandir o metrô e a CPTM venceram concorrências no âmbito de uma imensa fraude. Como havia várias empresas concorrentes, elas se reuniam e faziam um acordo para roubar o erário paulista.
As empresas que a Justiça paulista está processando combinavam os preços que ofereceriam nas concorrências abertas pelos governos do PSDB paulista nos últimos 20 anos. Os preços eram mais elevados do que o normal justamente para que os vencedores pudessem dividir o lucro com os vencidos.
Algumas empresas entravam na concorrência para vencer e outras, para perder. Terminado o certame, os vencedores subcontratavam os vencidos e todos executavam as obras, dividindo os preços superfaturados que o governo do Estado aceitava.
Esse esquema vinha funcionando desde o governo Mario Covas, o primeiro do PSDB em São Paulo, e se estendeu até o governo José Serra (2006-2010).
De 1998 a 2010, nem Mario Covas, nem Geraldo Alckmin, nem José Serra desconfiaram de nada, apesar de o erário paulista estar pagando tanto mais caro pelas obras do metrô e da CPTM que o dinheiro era suficiente para contemplar TODAS as empreiteiras e os fabricantes de trens envolvidos nas obras de expansão ferroviária.
Durante muito tempo, a roubalheira ocorria sem que o Ministério Público de São Paulo e a Justiça tomassem qualquer providência. Isso apesar de as empresas fraudadoras que atuavam em São Paulo estarem sendo investigadas na Europa, em países como a Suíça, que avisaram as autoridades paulistas e foram ignorados.
Em 2013, o então corregedor nacional do Ministério Público, Alessandro Tramujas, decidiu instaurar reclamação disciplinar contra o procurador da República de São Paulo Rodrigo De Grandis. O motivo, as suspeitas de que teria trabalhado para atrasar o andamento das investigações do ministério público da Suíça contra a empresa francesa Alstom no Brasil.
A instauração do procedimento administrativo vio depois de o MP suíço ter anunciado o trancamento de parte das apurações das atividades da Alstom em São Paulo por falta de cooperação das autoridades locais.
O procurador De Grandis se defendeu dizendo que houve “falha administrativa”; o pedido de diligências suplementares teria sido “arquivado erroneamente em uma pasta de documentos auxiliares, quando deveria ser juntado ao processo de cooperação internacional”. Sob os cuidados de De Grandis, os documentos ficaram perdidos nas gavetas do MP paulista.
É inútil dizer que as apurações contra De Grandis deram em nada. Acreditaram mesmo que ele “esqueceu” em uma gaveta o processo enviado pela Suíça.
É possível que um grupo de empresas gigantes do setor de construção civil e de trens roube durante quase vinte anos os cofres públicos paulistas – e roube tanto que dê para dividir com todas as empresas que disputaram as concorrências – sem que nenhuma autoridade política do governo do Estado fique sabendo ou seja conivente?
É isso, em síntese, o que dizem o Ministério Público e o Tribunal de Justiça de São Paulo. Dezenas de bilhões de dólares escorreram pelo ralo da corrupção no Estado mais rico e desenvolvido da Federação e, apesar do alerta das autoridades de países europeus como Suíça e França, os governadores desse Estado nunca souberam de nada.
Um esquema de roubalheira de recursos públicos que funcionou por quase duas décadas tornou infernal a vida dos habitantes da Grande São Paulo. Trens superlotados, linhas insuficientes, ridiculamente pequenas ante as de outros países, preços caros das passagens e nenhum político estava envolvido (?!).
O pior é o deboche. Os que governam SP se dizem “vítimas” dessa imensa rede de corrupção que germinou debaixo dos seus narizes sem que nunca tenha havido investigação por iniciativa das autoridades paulistas – a investigação ocorreu por pressão estrangeira e pela autodenúncia da multinacional Siemens.
A abertura dessa ação pelo Tribunal de Justiça de São Paulo é um deboche. Em resumo, diz que no grande esquema de corrupção montado pelas empresas indiciadas só havia corruptores e nenhum corrupto, pois só os que promoveram as fraudes que extorquiram o povo paulista estão sendo processados.
Nenhuma autoridade paulista do primeiro escalão foi responsabilizada. O governo de São Paulo pagando o dobro, o triplo do que custavam bens e serviços fornecidos pelas empresas fraudadoras e o governo só pagando, pagando, pagando sem desconfiar de absolutamente nada. O dinheiro faltando para Saúde, Educação, Segurança, Transporte etc. e nem os governadores nem ninguém desses governos se deu conta.
E o pior é que a tentativa de convencer o povo brasileiro de que só o PT tem problemas de corrupção ameaça institucionalizar no país esse esquema criminoso que envolve Imprensa, Legislativo, Executivo, Judiciário e o Ministério Público do Brasil. Tempos sombrios se avizinham para este país. Sob a versão de combate à corrupção, ela está sendo institucionalizada.