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sábado, 31 de janeiro de 2015

A desastrosa prestação de contas da Petrobrás

http://jornalggn.com.br/noticia/a-prestacao-de-contas-desastrosa-da-petrobras

Demagogia, o fruto podre do junho de 2013


A FINA FLOR DA DEMAGOGIA BARATA - Há um vírus inoculado no Brasil, o vírus da demagogia barata. Esse vírus destrói a sanidade de homens e mulheres, independente da posição política dos mesmos.
Quando inoculados pelo vírus da demagogia barata, essas pessoas passam a ter os sintomas da classe média ainda mais escancarados: irritação, impaciência, raiva de tudo e de todos, etc.
E passam então a acreditar em juras vãs de demagogos que prometem escadinha de ouro até o céu, gratuidades a mil pelo Brasil, fim de todo e qualquer imposto e, ao mesmo tempo, um serviço público de primeira categoria.
Ou seja, querem a carga tributária da República Democrática do Congo e serviços públicos a la Dinamarca!
Vejamos o caso das passagens de ônibus em São Paulo: o último aumento havia sido feito em janeiro de 2011, ainda no governo de Gilberto Kassab (a passagem foi de R$ 2,70 para R$ 3,00).
Em janeiro de 2015, portanto, 04 anos depois, e repito mais uma vez: 04 anos depois; vou repetir novamente, 04 anos depois, o prefeito Fernando Haddad autorizou o aumento da passagem de R$ 3,00 para R$ 3,50.
A passagem dos ônibus em São Paulo ficou, como é evidente, congelada durante 04 anos.
O aumento feito agora, em janeiro de 2015, depois de 04 anos de congelamento, foi de 16,6%. A inflação acumulada no mesmo período foi de 27,0% e o salário mínimo aumentou 54,5% (R$ 510,00/dez. 2010 - R$ 788,00/jan. 2015).
O aumento feito neste ano de 2015 é inferior aos aumentos da inflação e do salário mínimo nos últimos 04 anos.
O que é inacreditável é que algumas pessoas querem o melhor transporte público do mundo, com pontualidade, com ar condicionado, com linhas mais rápidas e frequentes, mas imaginam que isto não tem custo algum.
Evidente que se deve lutar por tarifas menores, mas é preciso apresentar alternativas. Não basta ficar na demagogia barata. Municipalizar a distribuição da arrecadação da CIDE, por exemplo, apesar de ser uma medida ainda insuficiente, poderia ajudar a subsidiar as passagens.
Esse vírus da demagogia barata, que quer tudo ou nada, que quer gratuidades sem apontar receitas e despesas, que quer tudo ontem ou hoje e nunca amanhã, começou em junho de 2013.

Fonte: GGN

Sobre os problemas de comunicação de Dilma

http://www.ocafezinho.com/2015/01/30/novo-porta-voz-de-dilma-e-um-poltergeist/

Tucanos de MG deixaram deficit de 2,16 bi

http://www.conversaafiada.com.br/politica/2015/01/30/tucanos-quebraram-minas-tambem/

Paulo Metri: Por que tanto ódio ao PT? Marx explica tudo


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O ódio ao PT
Paulo Metri, no Correio da Cidadania
Nos últimos tempos, têm pessoas, principalmente da classe média, que odeiam com toda alma o PT. Não conseguem pensar com isenção sobre qualquer questão em que este partido esteja envolvido. Reagem emocionalmente, inclusive sem a possibilidade de existir um diálogo construtivo com elas. Não ouvem argumento algum se ele ressaltar um aspecto positivo do PT. Esta reação emocional é, em grande parte, de responsabilidade da mídia tradicional, que é parte integrante do capital. Os transbordantes de ódio nem entendem que são manipulados.
Assim, em que se baseia o ódio ao PT? A disseminação de ódio a quem está no poder por quem quer passar a deter este poder é velha na política. Foi isto que Carlos Lacerda fez com relação a Getúlio Vargas, buscando transmitir a idéia que existia um “mar de lama no Palácio do Catete”, acusação esta nunca comprovada. Portanto, não acreditem que o PT é o partido mais corrupto de todos os tempos. Existem integrantes dele, inclusive alguns da cúpula, que foram flagrados em transgressões com o dinheiro público, assim como existem idênticos políticos em outros partidos.
Recuperando a história, a população não ficou tão indignada com os roubos dos anões do orçamento, dos governadores que se beneficiavam com os precatórios, de Jorgina de Freitas, de Celso Pitta e daqueles que facilitaram a vida dos bancos Marka e FonteCindam. Tristemente, escândalos de roubos, no Brasil, existem em profusão. A sociedade brasileira foi, até recentemente, muito complacente com os larápios do dinheiro público.
De uma hora para outra, em atitude louvável, uma parte da sociedade começou a não perdoar os desvios comprovados de políticos. Não casualmente, na fase em que o PT está no poder. É claro que a horda descontrolada, exatamente como a mídia a moldou, começou também a acusar sem provas. É uma pena que esta atitude de não transigir com políticos corruptos não tenha surgido anos atrás, pois a Vale do Rio Doce poderia não ter sido vendida tão barata ou se teria descoberto qual era o “limite da irresponsabilidade”, que um tucano de alto escalão mencionou estar vivendo durante a privatização da telefonia.
Então, a pergunta principal passa a ser a razão por que esta correta aversão à corrupção só apareceu tão forte durante a fase do PT no poder. Notar que não estou eximindo de culpa os petistas ou membros de qualquer partido que foram flagrados. Eles devem ser julgados e, se a justiça determinar, devem cumprir suas penas. Respondendo à pergunta, a mídia do capital é a atual “descobridora” da ética na política, um pouco atrasada, mas, ainda assim, uma ação louvável. Exagerou-se na dose de indução do repúdio ao roubo, porque esta mídia tinha o único interesse de colocar um grupo ligado a ela, de “verdadeiros vestais”, no poder e a bandeira da ética veio a calhar.
É certo que a mídia aliada do capital plantou as sementes de ódio contra o PT, mas existiam terrenos férteis. Muitas pessoas buscavam argumentos para terem ódio ao PT, o que traz a nova dúvida. Por que isso? Muitas pessoas têm ódio ao PT pelos seus méritos, apesar de declararem que é pelos seus erros. O PT tirou mais de 30 milhões de pessoas da miséria e mais de 46 milhões saíram da pobreza e foram para a classe média. Trata-se de um feito enorme. Além disso, o PT facilitou a entrada dos filhos dos pobres nas universidades. Resumindo, nunca se viu, neste país, uma melhoria das condições sociais do nosso povo como esta proporcionada pelos governos petistas. Getúlio e Jango, que eram compromissados socialmente, não fizeram tanto, mesmo sendo guardadas as proporções.
É interessante que, para muitos representantes da classe rica, a mobilidade social promovida pelo PT não foi tão ruim. Por um lado, os salários mais altos significam a diminuição da lucratividade. Por outro, representam também maior demanda por produtos e serviços e a possibilidade de expansão dos negócios com aumento dos lucros. O problema mesmo vem da classe média, que tem sido penalizada injustamente por diversos governos, através da inflação de muitos dos seus itens de consumo, superior à inflação oficial, que corrige seus salários. Esta classe, que é composta basicamente de assalariados, profissionais liberais e pequenos empreendedores, não tem, por exemplo, a tabela de imposto de renda corrigida devido à inflação, o que representa um acréscimo do imposto. Enfim, ela tem razão suficiente para se sentir desprotegida por vários governos, inclusive o dos petistas.
Entretanto, o pior para a classe média é ela se sentir ameaçada com a ascensão de inúmeros competidores. Mais que isto, ela se sente atropelada por pessoas que julga vulgares, porque os restaurantes, os cinemas, enfim, os locais que gosta de frequentar passaram a ficar superlotados. As modas usadas por ela passaram a ser usadas também pela “nova classe média”. As viagens de avião passaram a ter que ser compartilhadas com pessoas que, antes, só viajavam de ônibus. Neste sentido, causou espanto o artigo de uma representante da classe rica em que ela dizia não se conformar com ter que encontrar seu porteiro nos destinos que, antes, eram exclusivos da sua classe.
Desta forma, quem melhor explica a razão principal para se odiar tanto o PT é Marx. Afinal de contas, este partido ousou diminuir o estoque de mão-de-obra barata, quase escrava. Aquela mão-de-obra que aceita qualquer oferta de pagamento, pois tem medo de ir para o grupo dos miseráveis, onde a fome campeia. Neste contexto, a existência dos miseráveis é importante para criar medo aos rebeldes que não se conformam com as condições que lhes impingem. Suas mais-valias precisam ser retiradas.
Peço ao leitor que, em exercício de abstração, se imagine um miserável. Sua vida toda foi acompanhada de uma sequência de agressões, sem conseguir se lembrar desde quando. Lembre-se de muita fome, persistente, que a comida escassa nunca abate. Lembre-se das dores físicas oriundas das pancadas dadas por adultos e crianças mais velhas, até as dos bandidos e policiais de hoje. Lembre-se dos sofrimentos quando seu corpo não está bem, o que é frequente, e das filas no atendimento de saúde pública, que é a sua única esperança para aliviar a dor. Lembre-se como é perigoso e duro dormir na rua. Lembre-se da humilhação quando pretende um emprego e não consegue por falta de instrução. Lembre-se de como outros lhe enganam e roubam. Lembre-se que não há um momento de descanso nem de paz. Agora, imagine um governo, que você não sabe nem de onde surgiu e espanta a maior parte destas mazelas.
Por tudo isso, o partido PT merece respeito. Quem não tiver respeito a este partido, a bem da verdade, está desrespeitando a solidariedade humana. Não se pode enxovalhar um conjunto inteiro de integrantes de um partido por causa de um número bem menor de seus representantes que foram crápulas. Eu sou crítico em muitos pontos dos governos do PT, o que já está em outros artigos. Mas reconheço o grande feito da mobilidade social realizado pelo PT. Finalizando, não sou filiado ao PT e nem a outro partido político, porque acredito ser recomendável não ser filiado a qualquer um para ter inteira liberdade ao escrever textos.
Paulo Metri é conselheiro do Clube de Engenharia e colunista do Correio da Cidadania
Blog do autor: http://paulometri.blogspot.com.br
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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Alckmin pode não ter solução para a água, mas já tem estratégia de mídia


Jornal GGN - Na manhã desta quinta-feira (29), o leitor/internauta que visitou a página principal do portal da Folha de S. Paulo com alguma dose de crítica, penso: "Uau, parece que a Folha descobriu a crise de água em São Paulo!", ao passo em que todos os outros jornais, nos últimos tempos, ou amenizaram o assunto ou aguardaram um ensaio de apagão de energia para por todos os problemas (os estaduais e o nacional) em um mesmo balaio.
Curiosamente, nesta mesma quinta-feira, a Folha destaca em sua home um texto assinado por Marcio Aith, subsecretário de Comunicação do governo de São Paulo, capitaneado por Geraldo Alckmin (PSDB). É Aith quem faz na Folha uma crítica à imprensa nacional revelando, ao mesmo tempo, a estratégia de mídia a ser adotada por Alckmin, que já está de olho na próxima disputa presidencial, mais à frente.
A estratégia consiste em dizer que Alckmin, diferentemente de outros gestores, descobriu as dificuldades que enfrenta hoje com o colapso dos sistemas Cantareira e Alto Tietê há muito mais tempo do que Dilma Rousseff descobriu os obstáculos com as hidrelétricas, ou Fernando Pimentel (PT) e Pezão (PMDB) com os mananciais de Minas Gerais e Rio de Janeiro, respectivamente.
Alckmin e a Sabesp, segundo Aith, alertam a população de São Paulo para a grave estiagem provocada pelo mau humor de São Pedro desde janeiro de 2014. É injusto, portanto, colocar o governador paulista no mesmo bolo em que está Dilma, Pimentel, Pezão e outros gestores que não se anteciparam aos fatos.
É o que diz o artigo de Aith na Folha:
"Nem sempre a imprensa consegue distinguir os fatos que deveria apurar dos argumentos que bailam em torno deles, frequentemente interessados. No caso das crises hídrica e energética, esta Folha, apesar de suas múltiplas vozes, confortou-se com uma ideia fixa: governos federal e estadual são igualmente culpados. Infelizmente, por mais confortável que possa parecer a alguns editorialistas, colunistas e repórteres deste jornal, tal argumento enfrenta o obstáculo de fatos. Há um ano, no dia 27 de janeiro de 2014, um comercial veiculado pela Sabesp informava: 'O Sistema Cantareira está com o nível mais baixo dos últimos dez anos. A falta de chuvas em dezembro –o menor índice dos últimos 84 anos– agravou o problema, deixando o sistema com apenas 24% da capacidade'."
E seguiu Aith a citar campanhas da Sabesp, antes de dizer que, um ano depois, "a dimensão nacional do problema foi escancarada por um apagão elétrico em 11 Estados da Federação e pelo agravamento da crise hídrica em Minas Gerais e no Rio. Ministros e agentes reguladores federais, sem abandonarem o discurso hostil a São Paulo, passaram a exprimir um novo consenso, idêntico ao qual chegou esta Folha: o de que todas as crises e governos cabem num só saco."
Para o governo Alckmin, tal argumento "deriva de certa covardia jornalística, de grande cinismo, e não resiste aos fatos. Até dezembro de 2013, nenhum estudo meteorológico previu a atual crise, muito menos a sua gravidade."
Mas desde 2004, quando da outorga do Cantareira, existem estudos que alertam ao governo do Estado sobre a necessidade de reduzir a dependência da Região Metropolitana de São Paulo do Sistema Cantareira. Era necessário investir em obras para potencializar outros mananciais, a exemplo do que Alckmin só agora planeja fazer com a Billings, ao sabor da crise, no improviso, sendo que o reservatório artificial existe desde a década de 1930 e é alvo de regulamentação e debates ambientais pelo governo do Estado ao menos desde a gestão José Serra.
Estes fatos - que o GGN aponta com base em reportagens aqui lançadas, bem como opiniões de especialistas consultados ao longo do último ano - não importam, pois, na visão do subsecretário de Alckmin, o "Estado de São Paulo foi pioneiro no esforço de racionalização do uso da água, adotando o sistema de bônus e ônus antes de qualquer Estado. Interligou sistemas, aumentou a captação do Alto Tietê, do Guarapiranga e do Rio Grande. Iniciou obras estruturais e trouxe inovação – caso das membranas de tratamento da água de reúso, por meio da nanotecnologia. O que fizeram outros no mesmo período?"
Que fizeram Dilma, Pimentel, Pezão, perguntará Alckmin no próximo debate eleitoral.
Aith ainda deixa um recado para a Folha: pegue mais pesado com os gestores que, diferente de Alckmin, estão de braços cruzados. "Tratar igualmente os desiguais, numa espécie de jornalismo compensatório, agride o fundamento da isenção porque agride a verdade. A imprensa realmente isenta tem o rabo preso com os fatos, o que sempre será do interesse do leitor, do internauta, do telespectador, do ouvinte etc. O governo de São Paulo está fazendo a sua parte. A sua lista de ações é matéria de fato, não de opinião."


Marcio Aith, segundo informações de Luciano Costa Martins (Observatório da Imprensa), fez carreira na própria Folha, "onde chegou a editor de Economia, e foi editor-executivo da revista Veja antes de se tornar coordenador de comunicação da campanha do ex-governador José Serra à Presidência da República em 2010, o que pode, de certa forma, surpreender o leitor do jornal, dada a agressividade do texto."

MP aponta Alckmin como responsável pela crise hídrica em SP

http://www.jornalggn.com.br/noticia/mp-aponta-responsabilidade-de-alckmin-na-crise-da-agua

Altair sobre a crise ambiental

http://www.jornalggn.com.br/noticia/crise-de-a%C2%ADbastecimento-em-sao-paulo-foi-so-o-inicio-do-problema

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Vulnerabilidade externa: o Brasil melhor do que no passado



Artigo do Brasil Debate
Por André Biancarelli e Rodrigo Vergnhanini
No último dia 16 de dezembro, o dólar comercial atingiu R$ 2,74 – o maior patamar dos últimos nove anos. Fechou 2014 em R$ 2,66, em desvalorização no ano de 13% e nada menos do que 60% ao longo de todo o primeiro mandato de Dilma.
A tendência recente de valorização do dólar frente a moedas periféricas, incluindo o Real, tem motivos que fogem do escopo dessa nota. É possível argumentar, no entanto, que independentemente dos fatores internos às economias, a saída de capitais dos países de moeda inconversível está, ao menos em parte, relacionada à divulgação de dados econômicos sobre recuperação dos Estados Unidos.
As incertezas acerca da normalização da política monetária americana, com possível elevação dos juros pelo FED e valorização do dólar, contribuem para um movimento de substituição de ativos de maior risco pelo dólar no portfólio dos investidores internacionais. Nesse cenário, fica clara a suscetibilidade dos países periféricos aos ciclos internacionais de liquidez.
Quais seriam, então, os efeitos de uma reversão generalizada no fluxo internacional de capitais, exogenamente determinada, sobre o cenário financeiro e macroeconômico brasileiro? Esse artigo argumenta que as condições de vulnerabilidade externa da economia brasileira estão muito mais sólidas quando comparadas a 2002 e consideradas numa perspectiva histórica.
O Gráfico 1 ilustra a mudança na composição dos passivos externos da economia brasileira de 2002 até o segundo semestre de 2014. Os investimentos diretos estrangeiros (IDEs), modalidade mais estável de financiamento, elevaram sua participação de 33% para 48%. Em contrapartida, os investimentos em carteira reduziram sua participação de 41 % para 38%, e a cifra “outros investimentos”, composta basicamente por empréstimos bancários, foi reduzida de 26% para 13%. Portanto, do ponto de vista da composição relativa, a situação é melhor que a de 2002.
Em termos absolutos, porém, o valor dos investimentos em carteira excede o valor das reservas internacionais (US$ 600 bilhões contra US$376 bilhões), despertando preocupações sobre a sustentabilidade financeira numa eventual reversão do ciclo internacional de liquidez.
Nesse sentido, torna-se importante analisar em quais moedas estão denominados os compromissos financeiros.
A linha pontilhada no gráfico representa a parcela dos passivos que está denominada em dólar. Essa parcela passou de 75,1%, no terceiro trimestre de 2002, para 38,3% no segundo trimestre de 2014.
grafico composição dos passivos externos
A consequência prática dessa mudança na denominação monetária dos passivos externos é que, diante de uma desvalorização do câmbio, os compromissos externos totais se encolhem.
Para efeito de ilustração, tomemos a crise do subprime de 2008, cenário marcado pela reversão do ciclo de liquidez internacional e com efeitos normalmente bastante adversos sobre as contas externas dos países periféricos. O câmbio brasileiro se desvalorizou 50% entre julho e dezembro de 2008. Neste período, os passivos totais da economia com o exterior se encolheram na magnitude de U$$ 324 bilhões, enquanto o reflexo disso nos fluxos foi irrisório.
grafico taxa nominal de cambio
Do ponto de vista dos ativos, houve acúmulo exponencial de reservas internacionais (US$ 37 bilhões em janeiro de 2002 para US$ 376 bilhões em outubro de 2014). A relação de passivos dolarizados sobre os ativos externos passou de 2,3% para 0,8%no período. Em outras palavras, pode-se dizer que, atualmente, as disponibilidades externas superam, em valor, os passivos em moeda estrangeira.
O impacto da desvalorização também tende a ser positivo sobre a dívida pública líquida, uma vez que os passivos do setor público estão em grande parte denominados em reais e todas as reservas, em dólar.
A taxa de câmbio tem efeitos complexos sobre a estrutura produtiva interna e sobre as variáveis macroeconômicas (particularmente a inflação) e, portanto, devem ser considerados numa perspectiva ampla. No entanto, pode-se concluir que, do ponto de vista da situação patrimonial do Brasil com o exterior, a desvalorização do câmbio tende a gerar não uma deterioração, mas uma melhora das condições de solvência e vulnerabilidade externa – o que por si só, constitui uma importante novidade.
Fonte dos dados: Banco Central do Brasil.
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Sobre a crise hídrica e o boicote aos Comitês de Bacias

http://www.jornalggn.com.br/blog/cesar-monatti/milhoes-de-atingidos-pelo-racionamento-de-agua-e-uma-notavel-vitima-institucional

Petrobrás lucra 3 bi no trimestre

http://www.brasil247.com/pt/247/relacoes_com_investidores/168070/Petrobras-registra-lucro-de-R$-3-bi-no-3%C2%BA-trimestre.htm

Gasolina do Aécio seria R$ 4,07 seguindo o padrão tucano de FHC.



Durante os governos Lula e Dilma, o preço da gasolina subiu bem abaixo da inflação.

Corrigindo pela inflação o preço médio pago na bomba nos postos do Brasil em dezembro de 2002, fim do governo tucano de FHC, corresponde ao valor de R$ 4,07 o litro. 

Os dados são apurados na pesquisa de preços feita pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) e corrigidos pelo IPC-A (IBGE). O preço é a média cobrada em milhares de postos de todo Brasil, lembrando que uns cobram mais e outros menos.

No fim do governo Lula, em dezembro de 2010, o preço da gasolina na bomba, em dinheiro de hoje, corrigido pela inflação, corresponde a R$ 3,33, bem abaixo do padrão tucano.

No fim do primeiro governo Dilma, em dezembro de 2014, o preço médio estava mais baixo ainda, ficando em R$ 3,03.

Em fevereiro entrará em vigor um acréscimo de impostos de R$ 0,22 sobre a gasolina. Mesmo que os postos repassem integralmente este valor para o preço final (nem todos repassarão tudo), o preço médio ficará em cerca de R$ 3,25, ligeiramente menor do que o preço no fim do governo Lula, e bem abaixo do preço tucano de 2002.

No momento em que precisou adotar medidas anticíclicas e manter a inflação dentro da meta, Dilma chegou a zerar a CIDE (espécie de imposto regulador sobre o preço da gasolina), que agora está sendo reposta porque em 2014 a arrecadação ficou abaixo do esperado, por diversos fatores externos ao governo, como o terrorismo econômico praticado pelo PIG (Partido da Imprensa Golpista) e por especuladores, com a consequente retração de investimentos por empresários em ano eleitoral, mesmo com as desonerações, incentivos e alguns subsídios à produção.

Além disso, a volta da CIDE ajuda a resolver outros problemas importantes mais à frente. No curto prazo, neste ano de 2015, contribui para a queda dos juros até o final do ano, ao contribuir para o superavit primário. Também torna o preço do álcool mais competitivo com o da gasolina. Mais adiante, a arrecadação da CIDE pode ser usada para investimentos no transporte público, como proposto pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.

Vamos ser críticos, sim, mas vamos ser justos ao avaliar as medidas como elas realmente são, e avaliar quando são necessárias e até imprescindíveis ou quando são apenas questão de escolha política.

Ninguém gosta de aumento na gasolina, mas este não faz parte de nenhum "saco de maldades" como diz o PIG.


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Tarso Genro, imprensa mundial deforma significado da vitória do Syriza na Grécia

CHARLES LEONEL BAKALARCZYK

Tarso Genro: “O Syriza não quer que a Grécia saia da União Europeia e da zona do euro. O que está propondo é a reestruturação do pagamento da dívida para dar uma folga ao tesouro grego e possibilitar a retomada dos investimentos em infraestrutura no país. Não está propondo o calote da dívida, mas sim uma renegociação”. Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Marco Weissheimer
“A vitória do Syriza na Grécia não representa a vitória de uma extrema-esquerda que defende a ruptura com a União Europeia, como vem repetindo um setor dominante da mídia, na Europa e no Brasil, mas sim a vitória de uma força política de esquerda que retoma propostas que podem ser inscritas na agenda original da social democracia europeia. Como essa social democracia foi toda para o centro, o Syriza é apresentado como radical”. A avaliação é do ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, que está em Sevilha (Espanha), onde participou como painelista de um seminário sobre a recuperação da memória nas ditaduras.
Tarso Genro aponta uma série de simplificações e deformações que vêm sendo reproduzidas na imprensa a propósito do significado do resultado das eleições na Grécia. “O Syriza não quer que a Grécia saia da União Europeia e da zona do euro. O que está propondo é a reestruturação do pagamento da dívida para dar uma folga ao tesouro grego e possibilitar a retomada dos investimentos em infraestrutura no país. Não está propondo o calote da dívida, mas sim uma renegociação”. A proposta defendida pelo novo primeiro ministro grego, Alexis Tsipras, acrescenta Tarso, não representa tampouco uma ruptura com o estado democrático de direito, mas sim um projeto de reconstrução do Estado, de reincorporação de servidores públicos demitidos e de recuperação de serviços desmantelados.
A proposta do Syriza em relação à dívida, diz Tarso, é muito parecida com a que defendemos no Rio Grande do Sul, em cima de três pontos: desvalorização da dívida, aumento dos investimentos e novos financiamentos para modernizar a economia do Estado.
A Grécia tem hoje a situação econômica mais dramática da Europa, com uma dívida que equivale a 170% de seu Produto Interno Bruto (PIB). A dívida do Rio Grande do Sul, compara Tarso Genro, representa hoje 20% do PIB gaúcho. Vários países intermediários da Europa, assinala ainda o ex-governador do RS, já estão fazendo propostas similares às do Syriza, querendo a renegociação da dívida para retomar o caminho do crescimento. E não só países intermediários. François Hollande, primeiro ministro da França, já manifestou simpatia pelas ideias de Tsipras e o convidou para conversar.
Do ponto de vista político, avalia Tarso Genro, a proposta mais importante que está sendo levantada por Alexis Tsipras é o pedido de uma indenização, junto a Alemanha, pelos crimes de guerra cometidos pelos nazistas contra o povo grego durante a Segunda Guerra Mundial. Logo após assumir o cargo de primeiro-ministro, Tsipras deixou uma coroa de flores em um monumento às vítimas dos nazistas em Atenas, um gesto inédito entre os chefes de Estado gregos. Em 1º de maio de 1944, cinco meses antes de deixarem Atenas, os nazistas fuzilaram 200 comunistas no local onde está o monumento, na periferia de Atenas, um dos piores massacres do período da ocupação alemã na Grécia.
Um grupo de trabalho do governo grego já estimou que o montante desta reparação seria de cerca de 162 bilhões de euros (cerca de 221 bilhões de dólares). O governo alemão, por sua vez, sustenta que a questão das indenizações de guerra já foi resolvida durante os acordos da Conferência de Paris, em novembro de 1945.
Tarso também contesta a afirmação que vem sendo reproduzida pela imprensa em vários países dando conta que o Syriza teria feito acordo com um partido de direita para formar o governo. A aliança, na verdade, observa, foi feita com um partido nacionalista, moderado, de centro direita, em cima de dois pontos: apoio à renegociação da dívida com a União Europeia e apoio à proposta de compensação financeira, pela Alemanha, em função dos crimes cometidos na Segunda Guerra Mundial.
A vitória do Syriza na Grécia, assinala ainda Tarso Genro, abre as portas para importantes inflexões políticas na Europa o que pode levar a mudanças no funcionamento da União Europeia. O Financial Times, lembrou, questionou se Tsipras será um Lula ou um Hugo Chávez. “Essa disjuntiva colocada pelo Financial Times mostra que é falsa a afirmação de que tivemos uma vitória da extrema esquerda na Grécia. O que é o Syryza quer não é uma ruptura com a Europa, mas sim a reconstrução do Estado grego e um novo patamar de funcionamento para a União Europeia”.
O resultado da eleição na Grécia, aponta o ex-chefe do Executivo gaúcho, já tem repercussões na Espanha. “Na região da Andaluzia, onde haverá eleições regionais e março, o Partido Socialista rompeu o governo de unidade que tinha com a Esquerda Unida para fazer um movimento na direção de um acordo com o Podemos. O Partido Socialista e o Partido Popular, os dois partidos mais tradicionais da Espanha, vem se esforçando em dizer que o caso espanhol é diferente do grego. A divergência das duas siglas em relação à União Europeia é de grau, mas o resultado da eleição grega favorece a ala mais à esquerda do Partido Socialista que defende mudanças mais profundas na relação da Espanha com a UE. Pode surgir daí um novo sistema de alianças na Europa, em defesa de outros padrões de integração”.
Em Sevilha, Tarso Genro conversou com o professor Juan Torres Lopez, um dos responsáveis pela redação do programa de governo do Podemos. A partir dessa conversa, ele relata: “Quando ele terminou de redigir a parte econômica do programa, Pablo Iglesias, uma das principais lideranças do Podemos, sugeriu mudanças no texto para que ele não configurasse uma proposta de ruptura com a União Europeia. Tsipras e Iglesias têm admiração pelas políticas de combate à pobreza e à desigualdade social feitas no Brasil a partir dos governos do presidente Lula. E essas agendas estão na ordem do dia hoje em países como Grécia e Espanha”.


Fonte: SUL 21 http://www.sul21.com.br/jornal/para-tarso-genro-imprensa-mundial-deforma-significado-da-vitoria-do-syriza-na-grecia/

Nassif sobre o oportunismo de Marta

http://www.jornalggn.com.br/noticia/os-arrufos-de-marta-para-retornar-aos-saloes

A volta do pêndulo e os tempos de pré-Collor

Tenho me perguntando pq o Brasil sofre dessa sofreguidão por um golpezinho. Sempre foi assim. Não analisamos, não debatemos. É mais cômodo absorver as infornações que nos chegam sem dela desconfiarmos. Foi assim em todos os momentos em que governos no Brasil foram derrubados. Ao que tudo indica, adotamos esse tipo de ruptura como solução mas a história tem nos mostrado que isso não tem sido a solução, muito pelo contrário, tem piorado e nos levado a um estado de retrocesso enquanto nação. 
A nossa própria CF não se mantém de pé e, de PEC em PEC, está mais pra colcha de retalho. Há quantos anos os EUA não alteram sua CF? Hà quantos anos um governo não é derrubado por lá. De forma que independente do partido que ocupa o governo, o mesmo governa até o fim e, mais, mantém algumas coisas continuando, como por exemplo a forma de dominação contra outros povos, em 1840 a Balaiada no MA teve como uma das causas a política dos EUA para o algodão, que terminou levando o setor à falência por lá e, pasmem, de 1840 para cá, pelo menos nesse ponto, nada mudou, a espionagem e oscultação de governos mantém-se intactos.

E nós aqui mais uma vez qureendo um golpezinho,....sobre a síndrome dos 30 anos sem ruptura de governos no Brasil, procurei na web sobre o tema e não encontrei nada, achei isso. Engraçado, deveria ser um assunto com bastante links no google, ou será que esse fenômeno não tem importância para nós neste momento em que, na esteira de um certa Lava Jato de um certo Moro querem fazer nosso pais desandar enquanto o Tio Sam dá gargalhadas de orelha a orelha:

São Paulo, domingo, 24 de junho de 2007 
Divórcio aos 30

Ruptura sem culpa


O grande músico e mestre Hans-Joachim Koellreutter dizia que a história é como uma espiral: sempre volta-se para o mesmo lugar alguns degraus acima.
De certo modo a espiral brasileira remete para 1989.
O primeiro ponto em comum é o desencanto, o fim das utopias e a gravidade das crises que se prenunciam.
Lá, havia a interrupção do sonho da redemocratização e dos pacotes econômicos e o fantasma da hiperinflação; aqui, o desencanto com o sonho do desenvolvimento com equidade social e o fantasma da crise da água.
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O segundo ponto é a decepção com as instituições públicas. Aliás, nos dois momentos, o raio-x nítido das razões porque o país sempre se fez tão lentamente: a pobreza das instituições públicas, partidos políticos, três poderes e mídia; a imensa dificuldade em pensar grande, em desenvolver uma visão estratégica.
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O terceiro, a ausência de figuras referenciais. Lá, a desmoralização da oposição com a enorme caça ao butim que se seguiu à posse de Sarney. Aqui, a falta de propostas do governo e da oposição e a pobreza de lideranças.
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Em cima desse quadro, nos próximos anos se enfrentará a crise de água, problemas econômicos, radicalização social, a crise do velho modelo de articulação da informação, com o advento das redes sociais e, principalmente, a falta de perspectivas.
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Dependendo do desenrolar da crise, estarão feridos de morte os dois partidos que dividiram a hegemonia política brasileira nas últimas décadas: PT e PSDB. A paciência do eleitor não suportará por tanto tempo o discurso do “mal menor”.
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De quem é o protagonismo político?
Do lado do governo, da presidente Dilma Rousseff. Nas últimas eleições Dilma foi premiada com a segunda oportunidade – uma tradição no jogo político brasileiro, mas que tornará o eleitor muito mais exigente – e com a extraordinária fragilidade do seu opositor, o PSDB.
Indicou um Ministério político para se defender das tentativas de impeachment que virão, mas terá que desenhar um projeto de país para se defender do alastramento do anti-petismo e do anti-governismo.
Terá os próximos meses para mostrar a cara de seu governo.
O balanço do primeiro governo não sugere uma obra à altura dos desafios atuais de um país convivendo com múltiplas crises. Até poderá emergia uma nova Dilma, com uma estatura política até agora impressentida. Mas seria uma surpresa.
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O PT tornou-se um partido político sebastianista, agarrado à imagem de Lula. Lula de 2018 será como Getulio de 1950: novos tempos, novas circunstâncias com o peso da idade contando.
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Do lado da oposição, vai sobrar quem? Mesmo que mantenha os votos do antipetismo, Aécio Neves não demonstrou fôlego para assumir a empreitada de liderar a oposição. A crise de água irá expor em toda intensidade o nível do provavelmente mais medíocre governador da história moderna de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Entre as lideranças alternativas, Marina Silva tem a consistência de uma libélula perdida.
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Em 1989 surgiu a surpresa Fernando Collor, embalado nas ideias de Margareth Tatcher.
Agora, não apenas o Brasil mas o mundo está perdido na ausência de propostas.


Vem tempos bicudos pela frente.

Sobre o preço da gasolina no Brasil e no mundo

A minha intenção aqui não é estar contestando fulano ou sicrano e sim a de checar a informação
Na Era da TV engoliamos de forma passiva as informações que nos enfiavam goela abaixo mas a Era da TV já passou
Agora pensamos e duvidamos mais diante das notícias e isso é bom.

Ao contrário roda nas redes sociais, a gasolina no Brasil não é a mais cara do mundo, pelo contrário, dentre 60 paises, é uma das mais baratas. É que roda por ai um meme informando que nos EUA a gasolina custa 1 real, o que não é verdade, pois lá o preço varia diariamente e de posto a posto os preços mudam muito, em muitos Estados os postos de não tem empregados empregados uma vez que o próprio motorista abastece seu carro. isso reduz o custo para o posto embora as custas de menos emprego para os cidadãos
Os preços no mundo: Tabela de 2014, não tenho-a atualizada
http://oglobo.globo.com/infograficos/preco-da-gasolina-60-paises/?redirect-mobi=false

O preço da gasolina nos EUA

https://www.youtube.com/watch?v=RjGRvWvivvM

Chomsky: Como destruir o planeta sem tentar muito

http://www.jornalggn.com.br/blog/antonio-ateu/chomsky-o-caos-no-futuro-ou-o-futuro-no-caos

Esquerda volver, marcham os gregos, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Dentre os mitos fundadores do Ocidente, o regime democrático criado na antiguidade pelos atenienses ocupa um papel central. Este regime político, porém, durou apenas algumas décadas em Atenas e provocou o maior de todos os conflitos militares gregos.
Ao fim da Guerra do Peloponeso (404 a C), que foi iniciada pelos líderes democratas atenienses, Atenas passou e ser governada por militares espartanos. Quando conseguiu se libertar do julgo de Esparta, Atenas foi sacudida por conflitos políticos entre os aristocratas e o partido popular e sua política interna acabou sendo influenciada por outras cidades. Primeiro por Tebas, que derrotou Esparta em Leuctra (371 aC) e passou a ser a potência hegemônica na península. Quando Tebas e Atenas foram derrotadas em Queronéia (338 aC), a Macedônia passou a comandar a política interna ateniense. A conquista romana da Grécia em 146 aC, que foi apoiada pelos aristocratas atenienses, colocou fim à independência política de Atenas. Desde então o apogeu da democracia se transformou numa vaga lembrança.
A História, porém, geralmente não interessa àqueles que fazem uso dela. Os arquitetos do Ocidente conseguiram transformar um pequeno período da vida política ateniense num mito fundador. E assim os ocidentais foram levados a acreditar que a democracia foi grega (e não ateniense), durou alguns séculos (e não algumas décadas) e foi pacífica (apesar de ter dado causa a Guerra do Peloponeso).
Sem prestar muito atenção aos outros povos (e odiando intensamente os turcos por causa anexação da Grécia pelo Império Otomano do século XV ao início do século XIX) o povo grego percorreu seu caminho até o presente. Desde a independência do país, a vida política dos gregos oscila entre a valorização do passado democrático ateniense e instauração de ditaduras militares violentas (como a que perdurou no país de 1967 a 1974). A disputa eleitoral recente entre a “direita neoliberal” e a “esquerda operária” na Grécia é apenas mais um capítulo da eterna guerra de classes entre ricos e pobres cuja origem é anterior à própria democracia ateniense criada por Clístenes.
Os jornalistas que estão fazendo a cobertura das eleições gregas se dividem em dois grandes grupos. Há aqueles que lamentam a vitória da esquerda, cujo programa econômico (que eles chamam de populista) poderá causar turbulência nos mercados e, em consequencia, provocar um agravamento da crise econômica na Grécia obrigando o país a abandonar o Euro (medida acarretará danos a Europa e ao resto do mundo). Há, entretanto, os comemoram a vitória da “esquerda operária” como sendo o ponta-pé incial para uma ampla reforma econômica mundial que regule os mercados e permita a responsabilização dos banqueiros que lucram destruindo países inteiros. O sofrimento dos pobres em razão das políticas recessivas receitadas pelo FMI e recomendadas pela UE na Grécia é uma verdade factual.
Não se enganem: as eleições gregas não dizem respeito apenas ao futuro da Grécia. Elas também dizem respeito ao passado daquele país. Que fragmento de sua própria trajetória o povo grego pretende construir nos próximos anos? A história da Grécia tem algo para fornecer a qualquer liderança política que dela queira fazer uso. Democracia, tirania, submissão a potências externas, ditadura militar, guerras internas, guerra externa, etc… tudo isto pode ser resgatado, repaginado, modernizado e entregue aos cidadãos (aos consumidores de propaganda) como sendo um programa político coerente que indique o único caminho para o futuro glorioso baseado num passado firmemente estabelecido. A Grécia contém todos os inícios. Esta é a maldição dos gregos.
O que quer que decida fazer com seu passado ou com seu futuro, o povo grego não está em condições de modelar o destino da Europa, da América Latina ou do resto do mundo. A Grécia não tem poder econômico para competir com seus vizinhos próximos e distantes, nem condições militares de confrontar seu inimigo tradicional (a Turquia).
No presente momento, apenas o povo norte-americano é que pode fazer a balança oscilar do Mercado para o Estado preocupado com o bem estar social. Os norte-americanos apoiarão com entusiasmo o discurso que Barack Obama fez no Congresso dos EUA nos últimos dias? Duvido muito. Os gregos parecem ter apoiado Obama, tanto que derrotaram a “direita neoliberal”. Todavia, creio que eles ficariam ofendidos se alguém lhes dissesse que o Presidente dos EUA decidiu as eleições gregas ao discursar para os congressistas de seu país.