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terça-feira, 25 de novembro de 2014

FHC, o menino tolo

Os compromissos assinados por FHC na privataria não podem ser desfeitos, pois se isso ocorrer o país será acusado de não cumprir contratos, de se instalar insegurança jurídica com processos junto a OMC. O que ainda pode ser feito é esse aparato midiático-penal que só manipula para proteger tucanos agir no sentido de levar FHC às raias da Justiça para que, assim como aconteceu com seus congêneres na América Latina, ele passar uns dias na Papuda, mas vamos esperar sentados, não é mesmo(sem risos).
Blabablá essa conversa de impostos altos, verifique a margem de lucros das teles que, como se sabem, querem mais e apostam no aumento da fatura através da derrubada do Marco Civil da Internet, o Eduardo Cunha representa os interesses do setor, meu amigo por favor não fique preso as fontes viciadas tipo Globos, Vejas, Folhas e Estadões, procure ver sempre o outro lado da notícia nos blogs "sujos". 
Logo após ser privatizada a assinatura por uma linha fixa pulou de R3,00 (três reais) para Rs30,00 (trinta reais), bom negócio... A própósito:
Autor: Bresser Pereira, na Folha, em 18/07/2010
O menino tolo 
"Só um bobo dá a estrangeiros serviços públicos como as telefonias fixa e móvel", escreve Luiz Carlos Bresser-Pereira, economista, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 18-07-2010.
Eis o artigo.
João é dono de um jogo de armar. Dois meninos mais velhos e mais espertos, Gonçalo e Manuel, persuadem João a trocar o seu belo jogo por um pirulito.
Feita a troca, e comido o pirulito, João fica olhando Gonçalo e Manoel, primeiro, se divertirem com o jogo de armar, e, depois, montarem uma briga para ver quem fica o único dono. Alguma semelhança entre essa estoriazinha e a realidade?
Não é preciso muita imaginação para descobrir. João é o Brasil que abriu a telefonia fixa e a celular para estrangeiros.Gonçalo é a Espanha e sua TelefônicaManuel é Portugal e a Portugal Telecom; os dois se engalfinham diante da oferta "irrecusável" da Telefônica para assumir o controle da Vivo, hoje partilhado por ela com os portugueses.
Mas por que eu estou chamando o Brasil de menino bobo? Porque só um tolo entrega a empresas estrangeiras serviços públicos, como são a telefonia fixa e a móvel, que garantem a seus proprietários uma renda permanente e segura.
No caso da telefonia fixa, a privatização é inaceitável porque se trata de monopólio natural. No caso da telefonia móvel, há alguma competição, de forma que a privatização é bem-vinda, mas nunca para estrangeiros.
Estou, portanto, pensando em termos do "condenável" nacionalismo econômico cuja melhor justificação está no interesse que foi demonstrado pelos governos da Espanha e de Portugal.
O governo espanhol, nos anos 90, aproveitou a hegemonia neoliberal da época para subsidiar de várias maneiras suas empresas a comprarem os serviços públicos que estavam então sendo privatizados. Foram bem-sucedidos nessa tarefa.
Neste caso, foram os espanhóis os nacionalistas, enquanto os latino-americanos, inclusive os brasileiros, foram os colonialistas, ou os tolos.
Agora, quando a espanhola Telefônica faz uma oferta pelas ações da Vivo de propriedade da Portugal Telecom, o governo português entra no jogo e proíbe a transação.
União Europeia já considerou ilegal essa atitude, mas o que importa aqui é que, neste caso, os nacionalistas são os portugueses que sabem como um serviço público é uma pepineira, e não querem que seu país a perca.
O menino tolo é o Brasil, que vê o nacionalismo econômico dos portugueses e dos espanhóis e, neste caso, nada tem a fazer senão honrar os contratos que assinou.
Vamos um dia ficar espertos novamente? Creio que sim. Nestes últimos anos, o governo brasileiro começou a reaprender, e está tratando de dar apoio a suas empresas.
Para horror dos liberais locais, está ajudando a criar campeões nacionais. Ou seja, está fazendo exatamente a mesma coisa que fazem os países ricos, que, apesar de seu propalado liberalismo, também não têm dúvida em defender suas empresas nacionais.
Se o setor econômico da empresa é altamente competitivo, não há razão para uma política dessa natureza. Quando, porém, o mercado é controlado por poucas empresas, ou, no caso dos serviços públicos, quando é monopolista ou quase monopolista, não faz sentido para um país pagar ao outro uma renda permanente ao fazer concessões públicas a empresas estrangeiras.
A briga entre espanhóis e portugueses pela Vivo é uma confirmação do que estou afirmando.


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