Há vários tipos de políticos estimulando o impeachment.
Há o grupo dos revanchistas, como o senador Cristovam Buarque, ex-Ministro da Educação do governo Lula.
Há o grupo dos golpistas propriamente dito, que sonham empalmar o poder com a queda de Dilma.
E há o grupo – ainda indefinido – dos que irão aderir à bandeira do impeachment apenas quando desacreditarem de vez na capacidade de Dilma de gerir o país. São os que teriam muito a perder com os desarranjos econômicos decorrentes de uma crise política.
Os dois primeiros são blocos oportunistas, que apostam na instabilidade política e econômica para poderem faturar politicamente.
O terceiro grupo é decisivo. E só aderirá à proposta em caso de desencanto total com a presidente.
Justamente por isso, a bola está com a presidente da República. Se conseguir comprovar melhores condições de governabilidade esvaziará qualquer tentativa golpista.
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O primeiro passo é a criação de uma agenda positiva – e ela não pode se limitar a um pacote anticorrupção. Agenda positiva é propositiva.
Dilma montou um Ministério que até agora não disse a que veio. Tem que, primeiro definir, para depois mostrar.
Na área econômica, há uma boa mistura da ortodoxia de Joaquim Levy com o desenvolvimentismo racional de Nelson Barbosa. É evidente que seu programa de governo não é meramente um ajuste fiscal. Ambos têm que mostrar mais que isso: um desenho lógico de país e de economia que permita atravessar o período de ajuste de olhos sem perder as esperanças.
É hora de Barbosa apresentar o saco de bondade, mostrar os aperfeiçoamentos no sistema de concessões, as novas formas de gestão do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a solução para o imbróglio elétrico.
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Essa agenda positiva será completada quando houver clareza sobre o segundo governo Dilma e o papel que caberá a cada ministério. Para esse trabalho, Dilma contará com o concurso do novo Secretário de Assuntos Estratégicos Roberto Mangabeira Unger.
No primeiro governo Lula, Mangabeira cumpriu bem o desafio de identificar em cada área uma missão central, como se fosse peça de um quebra-cabeças mais amplo, ao final do qual se tinha uma ideia de futuro.
É esse o discurso necessário para Dilma. Não se trata apenas de ouvir uma exposição e sair repetindo bordões. De imediato, Mangabeira poderá sugerir as linhas básicas. O desenho maior dependerá de reuniões com os Ministros para detalhamento dos programas.
É um desenho que levará alguns meses para se completar.
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O segundo passo – urgente - é estancar a hemorragia da Petrobras.
Ao contrário dos resmungos do mercado, foi boa a indicação do ex-presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, para a presidência da Petrobras. Ele tem experiência acumulada em duas áreas centrais: a implantação de sistemas de governança e as negociações com os auditores interno e externo para acertar o balanço.
Mas o desafio é maior. O momento exige a montagem de uma operação para impedir o desmantelamento da cadeia do óleo e gás. Dilma tem que chamar o Procurador Geral da República, o Controlador Geral da União e o Diretor da Polícia Federal e, em conjunto, definir uma estratégia que, sem prejuízo da punição dos culpados, preserve a empresa.
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