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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Com superlotação de salas de aula, governo Alckmin torce por evasão escolar

Jornal GGN – Na volta às aulas da rede estadual de São Paulo escolas registraram superlotação de salas. Classes que deveriam ter até 40 estudantes chegaram a receber 60, 85, até 95 matriculados.
Falta espaço e infraestrutura para comportar tanta gente e os professores não conseguem dar aulas. "Muitas vezes os alunos chegam na primeira aula e têm de ficar buscando as carteiras em outras salas. Não dá. Essa semana era de acolhimento, para conversar com os alunos, conhecê-los. A gente não tem condição com tanto aluno", disse para a reportagem do iG o professor de história Silvio de Souza.
Em algumas escolas, a causa da superlotação foi o fechamento de algumas salas de aula. De acordo com levantamento do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, cerca de  2.404 classes foram fechadas de 2014 para cá.
A Secretaria Estadual de Educação afirma, como se fosse um dado positivo, que o número de matrículas nas lista de chamada pode não se efetivar com estudantes que frequentam as aulas. É a evasão escolar como solução para a superlotação das salas de aula.
Por Cristiane Capuchinho
Do iG
Para secretaria estadual paulista, rede de ensino está em período de adequação entre matrículas e alunos efetivos
Na volta às aulas da rede estadual de São Paulo, alunos e professores depararam-se com turmas mais cheias que o devido. Na rede, classes que deveriam ter até 40 estudantes têm 50, 55, 60 e até 85 matriculados.
As turmas de ensino médio para jovens e adultos da escola estadual Salim Farah Maluf, na zona leste de São Paulo, chegam a ter 85 alunos – o número considerado normal pela secretaria é de 40 por sala. A sala não é a única a ter excesso de estudantes. Durante o período vespertino, as classes de 1° ano regular do ensino médio têm até 60 matriculados, 20 mais do que o devido.
Com excesso de alunos, os professores dizem que não conseguem dar aulas adequadamente em salas em que falta espaço e infraestrutura.
"Muitas vezes os alunos chegam na primeira aula e têm de ficar buscando as carteiras em outras salas. Não dá. Essa semana era de acolhimento, para conversar com os alunos, conhecê-los. A gente não tem condição com tanto aluno", afirma o professor de história Silvio de Souza.
Ainda na zona leste, a escola Professor Simão Mathias tinha classes de 1° ano do ensino médio regular com 55 matrículas. 
Na zona norte, as listas de chamada da escola Professora Veridiana Camacho apontavam no início da semana classes do noturno com 75 e 95 alunos. Na Gabriela Mistral, as salas de educação de jovens e adultos tinham entre 51 e 58 estudantes.
A superlotação de classes, de acordo com professores e funcionários das escolas, se deve ao fechamento de diversas salas nas escolas. "Por aqui chegaram muitos alunos da Vila Sabrina porque fecharam salas do noturno em escolas de lá", contou uma professora do Tucuruvi que não quis se identificar. 
Segundo levantamento da Apeoesp, sindicato da categoria, ao menos 2.404 classes foram fechadas de 2014 para este ano. 
Cristiane Capuchinho/iG
Com salas cheias no EJA, escola estadual Veridiana Camacho ainda recebe matrículas de jovens e adultos
Redução de salas
Professor de filosofia e sociologia efetivo da rede, Marcio Barbio diz que com o fechamento de salas nas escolas teve de pegar aulas em mais unidades para completar sua grade. "Pela primeira vez, estou com aulas em três unidades. Antes sempre tinha a grade fechada com 24 turmas em duas escolas. Só que dessa vez, quando vi as listas, percebi que tinha salas com 75 alunos."
De acordo com a Apeoesp (sindicato da categoria), desde o ano passado o governo estadual tem reduzido o número de classes e, assim, reduzido o número de professores necessários. 
"Só que não há condições de aula em uma sala com 60, 70 alunos. Qualidade de ensino tem a ver com a quantidade de alunos por sala de aula e a secretaria não está respeitando o módulo [limite] dado por ela mesma", diz Maria Isabel Noronha, presidente da Apeoesp.
De acordo com a secretaria estadual de educação, no início do período letivo a rede passa por um período de readequação no número de matrículas feitas e alunos reais. Assim, o número de matrículas na lista de chamada pode não se efetivar com estudantes que frequentam as aulas.
A secretaria diz que isso acontece por conta de transferências de alunos e desistências. Na escola Gabriela Mistral, afirma a secretaria, dos 58 alunos previstos em uma das salas de educação de jovens e adultos apenas 37 foram às aulas na primeira semana.
Com o número efetivo de alunos frequentando as aulas, a secretaria afirma que novas classes podem ser abertas. Como exemplo, a secretaria afirma que duas salas novas já foram criadas na escola Professora Veridiana Camacho para dividir as salas de 75 e de 95 alunos e duas outras salas teriam sido criadas no noturno da escola Salim Farah Maluf. 
"A secretaria aposta na evasão dos alunos, o que é absurdo. Em uma sala superlotada, claro que os alunos não vão ficar, vão desistir", considera Maria Isabel Noronha, presidente da Apeoesp (sindicato dos professores da rede estadual).
Salas desmembradas até o dia 19 
Sobre as outras salas com superlotação apontadas pela reportagem, a secretaria afirmou que ainda não houve desmembramento. 
De acordo com a secretaria, novas salas serão abertas em todas as unidades em que ainda houver número de alunos reais maior que o limite previsto pela rede até o fim da segunda semana de aulas – 30 alunos no ensino fundamental 1; 35 alunos no ensino fundamental 2; e 40 alunos no ensino médio. 
Até o dia 19, as novas classes já devem estar abertas e com professores atribuídos para todas as disciplinas. 

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