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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Crecimento econômico com distribuição de renda vs neoliberalismo econômico

Comentário de Roberto São Paulo ao post "A aposta furada no choque na economia"


Crescimento econômico com distribuição de renda

O neoliberalismo econômico pode até ser menos perverso em países mais desenvolvidos, onde quase todos tem acesso a renda acima dos US$ 2 mil mensais, a moradia, a educação pública ou privada, acesso a compra de bens duráveis e a viagens internacionais, mas não em um país com enorme concentração de renda como o Brasil, onde o neoliberalismo econômico seria perverso e cruel, condenando milhões de pessoas a fome e a miséria.
O PIB cresceu de R$ 1,5 trilhões em 2002(FHC) para mais de R$ 5 trilhões em 2014(Lula/Dilma)
A massa salarial aumentou de R$ 635,7 bilhões 2002(FHC) para R$ 1,44 trilhões em 2013(Lula/Dilma), e deve ficar acima dos R$ R$ 1,6 trilhões em 2014, em função dos aumentos reais do salário e do aumento do emprego formal.
Desde de 2003 ocorre um aumento espetacular do aumento do consumo da famílias, principalmente em função da redução do desemprego, e consequente aumento das pessoas com emprego com carteira assinada(férias remuneradas, FGTS, licença médica remunerada, licença maternidade remunerada, aposentadoria, 13o. salário, PIS e acesso ao crédito).
Além da redução do desemprego, o aumento real dos salários, o aumento real do salário mínimo e a ampliação do crédito,  também contribuíram para o aumento consumo da famílias no Brasil, mas sem dúvida o principal responsável é o aumento do emprego com carteira assinada,pois além de aumentar a renda das famílias, passaram  a ter acesso acesso a linhas de crédito mais barato o que ampliou exponencialmente o consumo das famílias.
Basta visitar os aeroportos, tanto na ala de voos nacionais como de voos internacionais, andar pela principais avenidas, ou pelo principais centros comerciais, é nítido o aumento do consumo em relação aos tempos dos governos de FHC.
Em função da queda do dólar no Brasil, parte significativa do aumento do consumo das famílias foi atendida por produtos importados, o que limitou o crescimento do PIB.
Com uma correção gradual da taxa de câmbio, a substituição de parte das importações vai possibilitar um  aumento no ritmo de crescimento do PIB, das horas trabalhadas, do emprego com carteira assinada e da renda das famílias.
Empréstimos do BNDES geram emprego e renda, temos a Friboi e BRF que são os maiores produtores mundiais de carne bovina e de frango do mundo, a Embraer uma empresá de renome internacional.
Além disso, cerca de 30%,mais de R$ 60 bilhões anuais dos empréstimos do BNDES se destinam a micro, pequenas e médias empresas (MPMEs).
O BNDES é o principal financiador dos projetos de biocombustíveis, inclusive o etanol de segunda geração que já está  em fase implantação de plantas piloto, e todos contam com o apoio do BNDES.
O Brasil é líder mundial na produção de biocombustíveis, o governo de Presidente Lula  implantou o Biodiesel no Brasil em 2004,com a adição de 2% Biodiesel ao diesel de petróleo, hoje a adição de biodiesel está em 6% e passará para 7% em novembro.
Os biocombustíveis são fundamentais para o que seja possível gerar um excedente de petróleo e derivados e equilibrar as contas externas, onde o aumento da produção nos campos localizados na camada do pré-sal e a conclusão das novas refinarias que estão em construção desempenham também um papel fundamental.
A indústria de equipamentos para a geração de energia eólica esta sendo implantada no Brasil, que está se tornando um dos maiores mercados de equipamentos para geração de energia eólica,  com apoio do BNDES gerando impostos, emprego, renda e é claro, energia elétrica..
Também com apoio do BNDES, a indústria naval para atender as demandas do pré-sal já esta instalada no Brasil e em fase ampliação, gerando imposto, emprego e renda.
Várias  novas fábricas de automóveis estão se instalando no Brasil, inclusive no nordeste, quase todas com apoio do BNDES.
O Governo da Presidenta Dilma Rousseff, já realizou importantes desonerações fiscais, como na folha de pagamento, na redução da cide(diesel e gasolina), e na redução dos tributos federais sobre a energia elétrica, o que vai melhorar significativamente a capacidade de competição das empresas instaladas no Brasil.
Falta apenas a redução dos juros da selic para a média dos juros internacionais e uma correção 20% na taxa de câmbio, o que deve ser conseguido no segundo mandato da Presidenta Dilma.
No mais,  o Brasil tem excelência na produção de bioenergia, com o etanol combustível e o biodiesel, tem a mais avançada tecnologia para produção de petróleo em áreas marítimas, uma avançada indústria de automóveis e aviões, petroquímica, e vai melhorar a capacidade tecnológica, com o Pró-uni, o Pronatec, Programa Ciência sem Fronteiras
O Brasil ainda tem muito a percorrer no campo tecnológico, mas para isso precisa completar o processo de distribuição de renda, quando isso ocorrer, não haverá mais necessidade das politicas sociais, todos poderão pagar mais impostos, e o estado poderá investir mais em tecnologia e em modernos processos produção de bens serviços.
No momento o Brasil ainda precisa de programas sociais como o Bolsa Família, Pronaf, Pró-Uni, Pronatec e Minha Casa Minha Vida, mas com o aumento real e gradual do Salário Mínimo, em uma década ou duas a maioria destes programas sociais não serão mais necessários, e talvez ai poderemos flertar com o neoliberalismo econômico.

A tentação da legitimidade das urnas e o neoliberalismo econômico

Evidentemente tudo é possível, mas se fosse para deixar tudo como está,  bastaria a os grupos econômicos e a maior parte da grande mídia apoiar o Governo da Presidente Dilma, deixando a disputa da oposição e a alternância de poder  apenas para a disputa partidária.
O que a aposição  busca é antes de mais nada  interromper o atual processo de distribuição de renda e de fortalecimento do mercado interno, e criar um novo modelo econômico baseado numa plataforma de exportações, e redução do mercado interno para reduzir as importações  e manter o equilíbrio na balança de pagamentos, onde a redução do salário real e o aumento do desemprego e a redução da carga tributária  são fundamentais  para garantir uma redução nos custos das empresas instaladas no Brasil.
Nesse ambiente econômico, de redução da carga tributária para as empresas e queda demanda interna,  o ajuste fiscal se torna necessário para a obtenção do equilíbrio fiscal das contas públicas, onde a demissão de funcionários públicos e redução dos gastos sociais serão utilizados para compensar a queda da arrecadação provocada pela queda da demanda interna.
Tudo terá que ser feito rapidamente, nos primeiros meses e  muito provavelmente na forma de um choque na economia,  por dois motivos, primeiro para aproveitar a legitimidades das urnas e depois  com o apoio dos que mantiverem o emprego ou alguma atividade econômica, afastar o risco de volta do PT nas eleições de 2018.

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